Educação: espaço para criar e ser autor
SENAIMediaçãoEduc. ProfissionalProEducadorNotas 2014-10-05São abordados neste texto apenas três aspectos da educação: o Professor, os Métodos e a Aprendizagem, tendo como base anotações da palestra ministrada pelo Professor Marcos Meier[1], cujo trabalho se baseia no Filósofo e Educador Feuerstein e seus referenciais Piaget, Vygotsky e Ausubel.
O Professor
O professor exerce um papel fundamental dentro do contexto da educação pois é o referencial da transmissão ou da mediação da informação no diálogo diário e na troca de experiências, inclusive exercendo papel importante na formação do cidadão, mesmo que esta não seja sua função direta.
Para alguns alunos, um determinado professor acaba sendo fundamental na escolha da profissão, na melhoria das notas e do comportamento, sendo assim, quais seriam os atributos que definem um bom professor? Segundo pesquisa, citada pelo professor Marcos Meier, realizada com um grupo de alunos, aonde a mesma pergunta foi dirigida a eles, foram obtidas como as respostas de maior frequência: Domina o conteúdo, explica bem e é amigo.
Domina o conteúdo
O domínio de conteúdo se dá através da atualização constante do docente em relação ao conteúdo ministrado, seguindo a dinâmica da informação, abordando com a profundidade adequada para o seu público, porém tendo condições de se aprofundar quando necessário ou possível. O significado daquilo que se explica com exemplos práticos e cotidianos é esclarecedor e introduz o aluno no universo daquela informação, lhe dando razões para poder manipular tal informação que está sendo exposta pelo docente.
Explica bem
A boa explicação é aquela que consegue fazer o ouvinte entender claramente o conteúdo ou conceito exposto através da forma como é conduzida a explicação, a utilização de referências anteriores unindo informações complementares, fazendo pontes aonde o discente ainda não consegue ultrapassar sozinho, repetir a mesma explicação sem causar constrangimento nos agentes das perguntas e dando nova abordagem e profundidade assim que possível.
É amigo
O professor amigo é aquele que escuta sem preconceito, uma pergunta colocada de forma imprópria, ou um silêncio tímido, ou mesmo uma ideia ingênua, que sabe perceber as dificuldades de cada aluno, pois são indivíduos diferentes, com dificuldades e problemas diferentes e todos merecem um instante de atenção. Exerce autoridade com tranquilidade, não sendo impositivo, obrigando os alunos a fazerem ou pensarem porque ele quer, a autoridade deve ser conquistada com argumentos, através das explicações e referências de mundo que façam parte do contexto social vigente. Também é importante que o professor seja justo com todos, sem privilégios para com um ou outro aluno, tratando-os de maneira igualitária em condições mas respeitando a individualidade dos alunos.
Os métodos
No contexto da prática docente existem algumas formas de transmitir um conteúdo, podendo ser através do clássico, que é a explicação, valorizando a forma como o conteúdo é abordado, gesticulado, exposto através de textos, figuras, diagramas, interação direta e indireta dos alunos, utilização de referencias já citadas ou expostas durante a aula ou aulas anteriores, assim como referências externas, referentes ao dia a dia dos alunos, referência cultural por exemplo, repetição da informação para sedimentação da mesma, pois quanto maior for a utilização da informação, maior será absorção do conteúdo. Outros métodos interessantes, porém de restrita aplicação, são as descobertas, que podem ser feitas dentro de uma certa supervisão e orientação do docente assim como os projetos de diversas formas possíveis, mas que necessitam de tal orientação para que não haja desvio do foco de interesse de estudo e um bom aproveitamento de todos os envolvidos.
Um aspecto de fundamental importância para a formação do indivíduo, indo além do posicionamento de simples aluno, é a mudança de hábito no discordar, pois que se discorde da ideia de alguém e nunca se discorde de alguém, devendo ser incentivado um diálogo e uma troca de ideias com exposições e criticas favoráveis e contrárias, porém nunca às pessoas e sim a suas ideias, já que ideias são construídas e mutáveis com certa facilidade dentro do processo de aprendizagem, de outra forma a oposição à pessoa gera um agravante que é levar para o lado pessoal uma discussão de fim educacional.
A Aprendizagem
Feuerstein defende a teoria da modificabilidade cognitiva segundo o qual todo indivíduo possui um potencial cognitivo que pode ser desenvolvido independente da idade ou origem cultural através de um meio adequado de construção do conhecimento. Seu trabalho é baseado no construtivismo de Piaget, o sociointeracionismo de Vygotsky e a aprendizagem significativa de Ausubel.
Para Piaget o desenvolvimento do indivíduo depende de fatores genéticos e também do seu meio, da interação de tudo isso, sendo que cada indivíduo possui uma percepção dos novos conhecimentos por possuir diferentes históricos na construção dos conhecimentos anteriores.
Vygotsky se baseia no comportamento social, aonde o conhecimento se faz na interação dos indivíduos, sem interação não há conhecimento. O indivíduo modifica o meio e o meio modifica o indivíduo. Outro ponto fundamental é o papel da mediação, trazendo à tona a importância do professor no processo criador e formador do indivíduo, sendo que o meio de comunicação consolidado pela cultura constrói o conhecimento, tem-se aí a importância da forma da fala do professor e da articulação verbal exercida pelo aluno na sua construção cognitiva.
E finalmente Ausubel com sua aprendizagem significativa, afirmando que a construção do conhecimento se realiza pela associação dos novos conceitos com conceitos já formados, encaixando-os de forma a realizar o entendimento do todo. É necessário um ponto de apoio, ou seja, um conhecimento prévio, para sedimentar o novo bloco, assim como em uma construção, não é possível assentar um bloco no vazio, não é possível adquirir um conhecimento sem relacioná-lo a conhecimentos prévios.
Conclusão
Ao amarrar todos estes conceitos, experiências e desafios, alternância de métodos, ser justo, escutar sem preconceitos, exercer autoridade pelos argumentos ligados ao domínio do conteúdo, os diálogos e discussões discordantes apenas nas ideias, levar em consideração o potencial de cada um respeitando a individualidade na forma de construção cognitiva, explorando meios diferentes para atingir o maior público possível, associar o conhecimento a ser transmitido com o meio social, geográfico, cultural em que se vive, favorecendo a interação de conceitos, e a associação com conceitos anteriores, mostrando que cada novo conceito é mais um ponto na grande teia do conhecimento que se liga a todos os outros, se funda neles, e que possibilita um olhar mais apurado e mais distante no horizonte do saber, tudo isso faz do espaço educacional um meio de criar a própria vida, e ser autor da própria história.
Referências
[1] MEYER, M Mediação na educação profissional. Programa de Formação de Educadores – PROEDUCADOR. São Paulo: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, 2012. Anotações da palestra.